Reencarnação
Paulo da Silva Neto Sobrinho
“Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de
novo”.
(João 3, 3).
(João 3, 3).
Introdução
Olhando
à nossa volta, vemos as diferentes situações e condições em que nós, os seres
humanos, nos encontramos: riqueza ao lado da pobreza, saúde e doença, pessoas
normais e pessoas deficientes, inteligência versus idiotismo, uma pessoa boa
sofrer muito, enquanto uma pessoa má vivendo impune na alegria e despreocupação.
E ficamos a questionar o porquê de tudo isto. Onde a justiça e a misericórdia de
Deus? Para responder a este importante questionamento só há uma maneira: é
aceitar a reencarnação, um dos princípios fundamentais da Doutrina
Espírita.
Conceito
“A
palavra ‘reencarnação’ foi gradualmente aceita para transmitir a idéia da
possibilidade de um espírito humano ou alma ter diversas vidas sobre a terra. De
acordo com o dicionário inglês Shorter Oxford, foi usada pela primeira vez em
1.858, sendo definida como ato de encarnar novamente. Encarnar significa entrar
na carne e reencarnar expressa o ato de entrar na carne outra vez. O ego humano
separa-se do corpo físico após a morte e, após algum tempo, retorna a um corpo
novo. O termo empregado na Grécia antiga era ‘metempsicose’, geralmente
traduzido como a ‘transmigração das almas’. É uma designação mais genérica, pois
não é limitada pelo renascimento num corpo humano, mas inclui a idéia, então
aceita, de que a alma poderia renascer também num animal ou vegetal”, como nos
expõe Karl. E. Muller no livro “Reencarnação Baseada em Fatos”.
Na Antigüidade
Pensa-se
que a reencarnação foi inventada pela Doutrina Espírita, entretanto vamos
encontrá-la já na Antigüidade. Assim é que os povos da Índia, Egito, China,
Pérsia e Grécia acreditavam que a alma poderia ter várias vidas.
Gabriel
Delanne, diz no livro “A Reencarnação” que iremos encontrar nos Vedas (1.300
a.C.), que é o conjunto de textos sagrados, base fundamental da tradição
religiosa – do Bramanismo e do Hinduísmo – e filosófica da Índia esta passagem:
“A alma não nasce nem morre nunca, ela não nasceu outrora nem deve renascer; sem
nascimento, sem fim, eterna, antiga não morre quando se mata o corpo. Como
poderia aquele que sabe impecável, eterna sem nascimento e sem fim matar ou
fazer matar alguém? Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes
novas, também aalma deixa o corpo usado para revestir novos corpos. Eu
tive muitos nascimentos e também tu, Arjuna; eu as conheço todas, mas tu não as
conheces...”.
E os filósofos e os grandes sábios
Sobre
o que os filósofos pensavam a respeito desse assunto, Dr. Inácio Ferreira, em
seu livro “Psiquiatria em Face da Reencarnação”, nos traz o seguinte:
“Pitágoras,
devido às suas viagens ao Egito, ficou conhecendo esses ensinamentos e os
introduziu na Grécia, transmitindo, aos iniciados o conhecimento da reencarnação
ascensional, e ao povo, devido a sua pouca compreensão, a mesma coisa, porém com
regressão às formas inferiores, donde o erro da metempsicose”.
“Timeu
de Locres, seu discípulo, arraigou, mais ainda, no espírito do povo, a
transformação das almas, fazendo-lhe crer que elas passavam dos homens para o
corpo das mulheres, naquele tempo, expostas ao desprezo e injúrias; dos
assassinos, para os animais ferozes; dos impudicos, para os porcos; dos
preguiçosos para os loucos; dos ignorantes, para os animais aquáticos”.
“Heródoto,
aceitando, também os ensinamentos egípcios, os espalhou na Grécia,
desvirtuando-os à regressão por penalidade”.
“Aristófanes
e Sófocles, sob a denominação de as esperanças da morte, ensinavam, além das
existências sucessivas das almas, a unidade de Deus e a pluralidade dos
mundos”.
“Sócrates,
Apolônio de Thyana, Empédocles, Platão, também acreditavam na reencarnação,
dizendo este último; “aprender é recordar”, baseando-se, assim, na
reminiscência”.
Mais
adiante, sobre os sábios nos diz ele:
“É digno de ver como os cientistas, os sábios
materialistas se perdem em um mar de conjecturas e teorias as mais disparatadas
para explicar porque um:
- Mozart compunha apenas com 8 anos e tocava qualquer música aos 4;
- Beethoven descobria a geometria plana aos 12 anos;
- Rembrandt desenhava como verdadeiro artista antes de aprender a ler;
- Miguel Ângelo era técnico perfeito aos 8 anos de idade;
- Henecke sabia três línguas aos 13 anos;
- Hamilton conhecia o Hebraico e mais 11 línguas aos 13 anos;
- Ericson, aos 12 anos tinha sob a sua responsabilidade 600 homens como inspetor do canal marítimo de Suez;
- Jaques Chrischton, o gênio monstruoso, discutia em latim, grego, hebraico ou árabe aos 15 anos”.
“Essas
coisas, evidentemente, só podem ser explicadas pelas experiências adquiridas em
vidas passadas. Idealismo, dizem uns. Cérebros férteis em imaginações, dizem
outros! Tolice, dizem os mais sábios e, no entanto, até para os mais sábios as
crianças-prodígio e os filhos destes próprios sábios vêm desmentir as leis da
hereditariedade ou, pelo menos, reduzi-las a expressão um pouco mais simples,
tirando-lhes o caráter de generalidade. Assim viveu a humanidade e continua
vivendo sem se apoiar no espírito”.
Na atualidade
Vejamos
uma reportagem publicada na coluna “Um dia no Mundo”, do Jornal o Estado de
Minas, no dia 19.07.1.994, página 13:
Menino de 4 anos já é líder budista
“Duas
mil pessoas assistiram ontem no templo budista de Kagyu Ling (La Boulaye –
França) à cerimônia de ascensão do menino Tulkou Kalou Rinpoche ao título de
Lama. A criança, nascida em Paris de pais butani-tibetanos, foi declarada
oficialmente a reencarnação de Kalou Rinpoche, um dos maiores Lamas do Budismo
(falecido em l.989) e íntimo de Dalai Lama, o guia espiritual dos tibetanos.
Kalou, 4 anos, fala francês, inglês e tibetano, e com apenas um ano, reconheceu
os pertences de seu mestre”.
A
reencarnação e a lei do carma constituem os postulados básicos do Budismo,
religião seguida pelos povos da Índia, Ceilão, China, Vietnã, Coréia, Japão,
Birmânia, Tibete, Camboja, Indonésia, Mongólia e Tailândia.
Essa
crença se torna cada vez mais aceita entre os povos, inclusive no Brasil.
Pesquisa realizada em agosto de 1.991, pela Igreja Católica, e divulgada no
informativo “Construir a Esperança” n.º 7, da qual tiramos:
“A
crença na vida eterna, imortalidade da alma e vida após a morte parece bastante
confusa, mesmo para os católicos. É mais forte entre umbandistas e espíritas,
que acreditam na reencarnação, crença partilhada também por mais de 60% dos
católicos e 20% dos protestantes e crentes. (resta a dúvida do que se entende
exatamente por reencarnação)”.
Obtiveram
os seguintes dados:
Religiões na Grande BH |
Adeptos
|
Acreditam na reencarnação
|
Católicos |
73,3%
|
43,98%
|
Crentes Evangélicos |
9,0%
|
1,8%
|
Espíritas (Kardecistas) |
3,9%
|
3,9%
|
Protestantes tradicionais |
3,4%
|
0,68%
|
Umbandistas ou tradições afro |
1,4%
|
1,4%
|
Outras religiões |
0,8%
|
--
|
Sem religião |
8,2%
|
--
|
Soma |
100,0%
|
51,76%
|
Como
se poder observar a maioria, 51,76%, acredita na reencarnação.
No
meio científico acompanhamos o desenrolar de pesquisas que buscam confirmar a
reencarnação, onde trabalhos de pesquisadores de renome vêm contribuindo para o
fortalecimento, cada vez mais, dessa crença.
O
Dr. H. N. Banerjee (Índia), no seu livro “Vida Pretérita e Futura”, analisa
casos de crianças que se lembraram, espontaneamente, de vidas
anteriores.
O
Dr. Ian Stevenson (EUA), médico e professor de psiquiatria, estuda o mesmo
assunto, já tendo lançado um livro “20 Casos sugestivos de Reencarnação”, onde
após o relato das crianças sobre uma vida anterior, procurou confirmar tais
relatos indo aos locais onde elas afirmaram ter vivido anteriormente.
É
cada vez mais empregada a TVP – Terapia de Vidas Passadas no sentido de ajudar
às pessoas. O psiquiatra leva, por hipnose ou relaxamento, o paciente às vidas
anteriores, em busca da causa que deu origem ao problema vivencial desse
paciente, já que não foi encontrada nesta existência. Por exemplo: uma pessoa
tem um medo tremendo de água, após a regressão descobre-se que, em uma
existência anterior, ela morreu afogada, e quando volta da regressão, se liberta
do medo, parecendo que ao reviver o problema o seu trauma também passa a ficar
só no passado.
No
campo da TVP, podemos citar os pesquisadores: Dr. Patrick Drouot, físico
francês, autor dos livros “Reencarnação e Imortalidade” e “Nós somos todos
imortais”; Dra. Edith Fiore, psicóloga, norte-americana, autora dos livros:
“Você já Viveu Antes” e “Possessão Espiritual”; Dra. Helen Wambrach, psicóloga
norte-americana, autora do livro: “Recordando Vidas Passadas”; Dr. Brian Weiss,
psiquiatra e neurologista norte-americano, autor dos livros: “Muitas Vidas,
Muitos Mestres” e “A Divina Sabedoria dos Mestres”.
Interessante
e digno de nota é a pesquisa do Dr. Raymond A Moody Jr (EUA), psiquiatra, autor
dos livros “Vida depois da Morte” e “Reflexões sobre a Vida depois da Morte”,
que estuda os casos de “morte aparente”, as chamadas “EQM – Experiências de
quase morte”, onde seus pacientes relataram o que se passou com eles quando
estavam “desligados” deste mundo. Há casos em que a pessoa se encontra em coma
no CTI de um Hospital, e conta, com riqueza de detalhes, o que estava ocorrendo
com ela neste período, tendo, inclusive, algumas relatado fatos que aconteceram
em outro andar do Hospital. Estas pesquisas embora não busquem provar a
reencarnação, vêm demonstrar que o espírito não depende do corpo físico, tendo
assim “vida independente”. Daí surgem os naturais questionamentos: se não
depende do corpo para sobreviver, onde estará depois da morte? Onde esteve antes
desta vida? Questões que são respondidas pelos princípios da reencarnação e da
evolução do ser espiritual.
A reencarnação no Evangelho
Embora
encontremos muitas pessoas dizendo que a reencarnação não consta do Evangelho,
pelo nosso estudo chegaremos à conclusão de que consta. E apesar de sua clareza,
vem sendo negada sistematicamente por várias correntes religiosas, fora os casos
daqueles que a vêem, mas não querem admiti-la, distorcendo assim as
interpretações das passagens evangélicas em que o assunto é tratado.
Iremos
desenvolver nossos estudos de forma que venhamos a ter uma visão de como as
pessoas na época de Jesus pensavam sobre o assunto, assim temos:
a) Para os discípulos
A
idéia que os discípulos faziam está em João 9, 1-3:
“Quando
ele ia passando, viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos
perguntaram: "Mestre, quem pecou, para este homem nascer cego, foi ele ou seus
pais?” Jesus respondeu: "Nem ele nem seus pais, mas isso aconteceu para que as
obras de Deus se manifestem nele".
Como
um cego de nascença poderia ter pecado? Se a cegueira fosse “castigo de Deus”
pelo pecado daquele homem, onde estaria seu pecado, pois era cego desde quando
veio ao mundo. Assim, somente poderia ter cometido suas faltas em existências
anteriores, fato em que os discípulos acreditavam, pois só assim justificaríamos
a pergunta deles a Jesus: “Quem pecou, para este homem ter nascido cego, foi
ele ou seus pais?”.
Diante
do princípio “a cada um segundo suas obras” (Mateus 16, 27), no dizer do Mestre,
ninguém paga pelo erro do outro, ficando a responsabilidade dos atos atribuída
às próprias pessoas que os praticam.
A resposta de Jesus: Nem ele nem seus pais, mas
isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele, poderá ser
explicada da seguinte forma: diante de tanta ignorância e atraso espiritual
daquele povo, havia a necessidade de Jesus fazer alguns “milagres”, como os fez,
no sentido de despertar as criaturas para as verdades do Pai. Assim, juntamente
com Jesus, encarnaram vários outros espíritos que vieram com a tarefa de
auxiliá-lo, em sua missão e este homem cego era um deles. Os que escolheu como
apóstolos largaram tudo para seguí-Lo, atendendo ao seu chamado, que funcionou
como lembrete do compromisso que assumiram, quando estavam no plano
espiritual.
b) Para o Povo em Geral
“Tendo
chegado à região de Cesaréia de Felipe, Jesus perguntou aos discípulos: "Quem
dizem por aí as pessoas que é o filho do homem?” Responderam: "Umas dizem que é
João Batista, outras que é Elias, outras, enfim, que é Jeremias ou algum dos
profetas”.(Mateus 16, 13-14; Lucas 9, 18-19; Marcos 8, 27-28).
O
povo também acreditava que uma pessoa que já morreu poderia voltar. Ao dizerem
que Jesus seria João Batista, Elias, Jeremias ou alguns dos profetas, confirmam
este entendimento, pois todos eles já haviam morrido, inclusive, destes, somente
João Batista foi contemporâneo de Jesus, entretanto à época desta narrativa já
tinha sido morto por Herodes.
“Nesse
ínterim, Herodes, o Tetrarca, ouvia falar de tudo o que fazia Jesus e seu
espírito se achava em suspenso – porque uns diziam que João Batista ressuscitou
dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos
profetas ressuscitara. – Disse então Herodes: "Mandei cortar a cabeça de João
Batista; quem é então esse de quem ouço dizer tão grandes coisas? E ardia por
vê-lo”. Marcos 6, 14-16 e Lucas. 9, 7-9).
Nesta passagem encontramos novamente o pensamento
do povo a respeito de Jesus. Entretanto, desta podemos tirar, sem nenhuma sombra
de dúvida, que naquele tempo o conceito de ressurreição é o que hoje chamamos de
reencarnação. Conforme o texto, Jesus, no pensamento do povo, poderia ser João
Batista ou mesmo um dos antigos profetas ressuscitado, o que significa em
linguagem clara é que pensavam mesmo é na possibilidade de Jesus ser alguém que
tinha vivido anteriormente em nova encarnação.
c) Para os intelectuais
Em
João 3, 1-8: “Havia entre os fariseus um, chamado Nicodemos, dos mais
importantes entre os judeus. Ele foi encontrar-se com Jesus à noite e lhe disse:
"Rabi, bem sabemos que és um Mestre enviado por Deus, pois ninguém seria capaz
de fazer os sinais que tu fazes, se Deus não estivesse com ele”. Jesus
respondeu: "Eu te afirmo e esta é a verdade: ninguém verá o reino de Deus se não
nascer de novo”. Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode
tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?” Jesus respondeu:
"Eu vos afirmo e esta é a verdade: se alguém não nascer da água e do Espírito,
não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne; o que nasce do
Espírito é espírito. Não te admires do que eu disse: é necessário para vós
nascer de novo. O vento sopra para onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes
donde vem, nem aonde vai. Assim é quem nasceu do Espírito”.
Antes
de nossa argumentação, vamos ver o que consta de Atos 23, 8: “É que os saduceus
dizem que não há ressurreição, nem anjos, nem espíritos, enquanto que os
fariseus admitem todas estas coisas".Nicodemos era um fariseu, portanto,
conforme deduzimos deste texto, ele acreditava na ressurreição, que conforme
mostramos anteriormente, corresponderia dizer que ele acreditava na
reencarnação.
Observemos que Nicodemos entendeu o que Jesus quis
dizer com o “nascer de novo”, e a dúvida que lhe ficou era: como isto poderia
acontecer. Razão de suas perguntas: Como pode nascer um homem já velho? Pode
voltar ao ventre de sua mãe e nascer segunda vez?
Jesus separa distintamente o corpo físico do
elemento espiritual, o que nasce da carne é carne, o que nasce do espírito é
espírito. E observe-se que aqui Ele substitui o nascer “da água” pelo nascer “da
carne”, mostrando-nos que, de fato, há dois tipos de nascimento, isto é, um
biológico, e outro espiritual.
d) Para Jesus
Veremos
agora o próprio Jesus confirmar a reencarnação, fato que não combateu, quando do
questionamento dos discípulos acerca do cego de nascença, e a respeito de quem
as pessoas pensavam que Ele era.
No
Antigo Testamento, o profeta Malaquias (3, 23) anuncia a volta de
Elias: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e
terrível dia do Senhor, e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o
coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a
Terra".
A volta é de Elias, mas alguns, querendo fugir da
realidade da reencarnação, procuram às vezes dar ao termo Elias o significado de
Mensageiro. Outros dizem que é porque o ministério de João Batista é semelhante
ao de Elias, não tendo, portanto, nada a ver com reencarnação.
Em
Lucas l, 11-14, encontraremos o anúncio da chegada de Elias: “Mas o anjo lhe
disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque tua oração foi ouvida: tua esposa
Isabel vai te dar um filho e lhe porás o nome de João. E continuando no
versículo 17: “Ele o precederá com o espírito e o poder de Elias, para
reconduzir o coração dos pais aos filhos, bem como os rebeldes aos sentimentos
dos justos. Vai preparar assim para o Senhor, um povo bem disposto”.
Se João estaria com o espírito e o poder de Elias,
a conclusão óbvia é que João era o próprio Elias reencarnado. Por que não disse
no espírito de Elias e no poder de Deus? É porque se referia mesmo a
Elias.
E,
finalmente, a confirmação que João Batista era o Elias: “Os discípulos lhe
perguntaram: "Por que dizem os escribas, que Elias deve vir antes?”
Respondeu-lhes: "Elias há de vir para restabelecer todas as coisas. Mas eu vos
digo queElias já veio e não o reconheceram, mas fizeram com ele o que
quiseram. Do mesmo modo, também o filho do homem está para sofrer da parte
deles. Então, os discípulos compreenderam que Jesus lhes tinha falado a respeito
de João Batista”.(Mateus 17, 10-13; Marcos 9. 11-13).
O
espírito Elias não foi reconhecido por estar reencarnado num novo corpo, agora
com o nome de João Batista. Se fosse o contrário, Jesus não deixaria que seus
discípulos continuassem pensando que João era o Elias, já que em várias outras
passagens, demonstrou conhecer os pensamentos mais íntimos das pessoas.
E
para que não restasse dúvida alguma quanto a isso, vem ele próprio dizer: “E, se
quiserdes compreendê-los, João é o Elias que estava para vir. Quem tiver
ouvidos, que escute bem".(Mateus 11, 14-15).
Aqui
fica bem clara e taxativa a reencarnação, pois é da boca do próprio Jesus que
sai a afirmativa de João ser o Elias que estava para vir antes Dele, a fim de
preparar-Lhe o caminho.
E
como sabia que ainda os homens levariam muito tempo para o completo entendimento
de que falava da reencarnação, acrescenta: “Quem tiver ouvidos, que escute
bem".
E a Justiça Divina
Em
certa oportunidade, conversávamos com um amigo a respeito do porquê das grandes
diferenças que vemos à nossa volta: saúde x doença, riqueza x pobreza,
genialidade x idiotice e as mais variadas situações em que o ser humano se
encontra neste mundo. Perguntamos, por que motivo Deus nos colocaria em tais
situações? A resposta foi imediata: “Para Deus nos mostrar o seu poder”. Não me
dei por satisfeito, pois penso que: na qualidade de criaturas insignificantes
que somos, Deus nunca iria rebaixar-Se tanto a tal ponto de ter necessidade de
Se afirmar para nós como o “Todo Poderoso”. Não aceitava esta justificativa, por
não ver Deus como um ser sujeito a ter que provar nada para ninguém, e muito
menos, a nós pobres mortais. Percebi então que na verdade nós, os seres humanos,
ao imaginarmos como seria Deus, transferimos a Ele aquilo que somos. Víamos, em
nossa estreita visão, ser Ele um velho de cabelos longos e barbas brancas,
sujeito às imperfeições humanas, indeciso, pois Ele não sabia realmente o que
queria, já que fazia algo, e depois o destruía e além de se mostrar irritado,
vingativo, perseguidor, estava mais para “Senhor dos exércitos” do que para ser
um Ser, cujo amor deveria ser infinito.
Lembramo-nos,
então, de uma passagem do Evangelho (Mateus 7, 9-11), em que Jesus dizia: “Quem
de vós dará uma pedra ao filho que pede pão? Ou uma serpente ao que pede um
peixe? Se vós então, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que lhe pedirem!” O
que, em outras palavras, significa nós, maus que somos, damos e queremos o
melhor para nossos filhos, e, com certeza Deus dará muito mais que nós a seus
filhos (que somos nós os seres humanos). E pensávamos, se nós pais tivéssemos
todo o poder para dar aos nossos filhos o que quiséssemos, nós daríamos a um a
saúde e a outro a doença, colocando um rico e outro pobre? Não, com certeza.
Ora, se nós damos o que é bom para eles por que achar que Deus, que é a
perfeição absoluta, não daria? Aqui, com mais certeza, ainda, diríamos novamente
não. Entretanto as diferenças estão aí, onde conciliar sua justiça? Se todos nós
somos seus filhos, não seria justo dar a um e não dar a outro. Inconciliável,
portanto, a Justiça Divina com uma só existência, pois aquele que não teve algo
nesta vida, estaria definitivamente privado de usufruir em qualquer oportunidade
deste algo. A reencarnação entraria aqui, e esta pessoa teria em outra vida
aquilo que não teve na atual.
Outras
situações só poderiam ser resolvidas pela reencarnação. Muitas vezes uma pessoa
se torna má mais pela influência do meio em que nasceu, quase, por assim dizer,
que foi induzida a ser má. Como o lugar em que deveremos nascer é Deus que
escolhe, seria totalmente injusta uma situação dessa. Esta pessoa passa a vida
inteira praticando a maldade, e se depois de sua morte, o seu destino for o
“inferno”, seria Deus mais injusto ainda. Não haveria para ela nenhuma nova
chance? É claro que sim, pois seria perdoada “setenta vezes sete”. A
misericórdia e a justiça de Deus são manifestadas pela reencarnação, em que, em
novas vidas, ela tem a oportunidade de se aperfeiçoar até que, por fim, se torne
perfeita.
Mas,
para uma melhor compreensão da Lei da Reencarnação, e de como ela nos afeta,
devemos buscar outros princípios da Doutrina Espírita em que podemos verificar
qual seria o seu reflexo em nossas vidas, assim temos:
a) Livre-arbítrio
Somos
inteiramente livres para decidir qual o caminho que iremos percorrer. A nossa
consciência nos dá o discernimento para sabermos o que é bom ou o que é mau, e
desta forma, podemos fazer a escolha que acharmos mais conveniente.
b) Lei de ação e reação
Também
conhecida como Lei do carma. Como conseqüência do uso do nosso livre-arbítrio,
iremos atingir, vamos assim dizer, outra lei que é a lei de causa e efeito (ação
e reação). Consiste em: tudo o que fizermos voltará a nós mesmos. É no dizer de
Jesus:“Quem com a espada fere, com a espada será ferido". (Mateus 26,
52).
Todos
os nossos atos e pensamentos trarão de volta reações que, não sendo boas, irão
atingir o nosso corpo espiritual, chamado perispírito. E como o perispírito é o
molde do nosso corpo físico nas futuras reencarnações, quanto mais atingido por
nossas más ações, mais deficiente e deformado será esse novo corpo físico de
nossas novas reencarnações. É por esta lei que afirmamos que os maiores
beneficiários de nossas boas ações na caridade e no amor ao próximo somos nós
mesmos.
c) Lei do Progresso
O
nosso livre-arbítrio conjugado com a Lei de ação e reação fará com que,
inevitavelmente, busquemos cada vez mais ir de encontro àquele que nos criou. É
o progresso espiritual a que todos nós, independentemente de raça, cor, posição
social, religião, etc., estamos sujeitos, utilizando-nos das várias encarnações,
para que possamos nos moralizar cada dia mais, até chegarmos ao Pai. O progresso
se torna obrigatório para todos nós, pois o amor do Pai nos atrai
irresistivelmente a Ele, por isso podermos dizer, agora, que o nosso
livre-arbítrio é relativo.
Ao
buscarmos o “sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial”, seguindo a
valiosa orientação de Jesus, estaremos subindo a nossa “escada de Jacó”. Cada
degrau corresponderá ao nosso progresso espiritual, quando incorporamos em
nossos espíritos os verdadeiros valores morais da vida, até que, um dia,
cheguemos ao topo da escada, encontrando-nos com Deus, nosso Pai, que estará de
braços abertos para nos receber, a exemplo da Parábola do Filho Pródigo.
Entraremos na vida eterna, ou seja, viveremos a nossa condição de espíritos
puros, não mais necessitando de reencarnar.
E as pesquisas
Já
falamos, anteriormente, das pesquisas realizadas por Dr. Ian Stevenson (EUA) e
Dr. H. N. Banerjee (Índia), muito embora não sejam ainda consideradas como
provas científicas, trazem fortíssimas evidências que, com certeza, dentro de
algum tempo, passarão da classe de teoria para a de prova concreta, tal é o
critério científico utilizado nelas.
Vamos
mostrar alguns trechos do livro “Vida Pretérita e Futura” – 25 anos de estudos
sobre a reencarnação publicado em l.979 pelo Dr. Banerjee:
-
"Durante anos, os pesquisadores parapsicólogos que estudam os casos de
reencarnação têm sido considerados charlatões, e seus estudos classificados como
de efêmero valor. Mas, depois de mais de vinte e cinco anos de pesquisas neste
campo, em que estudei mais de 1.100 casos de reencarnação em todo o mundo, e
publiquei vários trabalhos sobre o assunto, a crítica diminuiu e surgiu maior
interesse. Os fatos que cada vez mais chegam ao nosso conhecimento são tão
impressionantes, que agora a comunidade científica passou a considerá-los como
dignos de pesquisa”.
“Desde
o começo, decidi formar um centro de estudos internacional sobre a reencarnação.
Seu objetivo seria estudar cientificamente casos de vidas anteriores em todo o
mundo e coligir dados relativos aos mesmos".
-
“Minhas pesquisas de um quarto de século convenceram-me de que há muitas
pessoas, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, dotadas de memórias
diferentes, o que não se pode obter por vias normais. Chamo esse tipo de memória
de" memória extracerebral ", porque as afirmações dos sujeitos de possuírem
lembranças de vidas anteriores parecem ser independentes do cérebro, principal
repositório da memória. É fato científico que ninguém é capaz de lembrar o
que não aprendeu anteriormente (grifo nosso)”.
-
“Os casos descritos neste livro não se baseiam no ouvir dizer nem em estórias de
jornais; baseiam-se em pesquisas que fiz através de rigorosos métodos
científicos. Meu estudo sobre a reencarnação foi concebido à luz de várias
hipóteses, tais como, a fraude, a captação de lembranças através de meios
normais, e a percepção extra-sensorial".
-
"Usei os nomes das pessoas aqui citadas e dos locais onde ocorreram os fatos, a
fim de realçar que os sujeitos dotados de lembranças de vidas anteriores
realmente existem, não são fictícios; além disso, suas afirmações foram
convenientemente confirmadas".
Achamos
necessárias essas citações, para que cada um possa ter uma exata idéia da
seriedade dessas pesquisas.
Nosso
exemplo será de um dos casos do Livro “20 Casos Sugestivos de Reencarnação” do
Dr. Ian Stevenson, Diretor do Departamento de Psiquiatria da Universidade de
Virgínia, EEUU, que também dedicou grande parte de sua vida ao estudo da
reencarnação, interrogando milhares de pessoas que diziam lembrar-se de uma ou
mais vidas anteriores. Além de registrar os depoimentos conseguidos, pesquisou
os fatos relatados, e procurou descobrir se os personagens a eles relacionados
realmente existiam. Os casos foram estudados de forma científica em várias
partes do mundo. Mas, vamos a ele, então:
“Trata-se
do caso do pescador Willian George, membro da tribo dos tlingits, Alasca, EEUU.
Em várias ocasiões, conversando com seu filho e sua nora, ele disse que iria
reencarnar como filho deles e que seria reconhecido pelas marcas que traria no
corpo, semelhantes às que tinha no ombro esquerdo e na face interna do
antebraço. Em julho de 1.949 entregou a seu filho um relógio de ouro que
estimava muito, pedindo que o conservasse para quando retornasse em outra
existência. No mês seguinte Willian George saiu para pescar e desapareceu, sem
que seu corpo fosse jamais encontrado”.
“Pouco
tempo depois sua nora engravidou e, a 5 de maio de 1.950, deu à luz a um menino.
Durante o parto ela sonhou que seu sogro aparecera e, quando voltou a si depois
do parto, esperava ver o sogro (talvez como um espírito) em sua forma adulta
anterior. Mas o que viu foi um bebê robusto que trazia em seu corpo sinais
exatamente iguais aos que seu sogro tinha em vida e também nas mesmas regiões. A
identificação dessas marcas de nascença levou os pais a chamá-lo de Willian
George Júnior”.
“À
medida que o menino crescia, mostrava traços de gostos, aversões e aptidões
semelhantes aos do avô. Este, por exemplo, costumava virar o pé direito para
fora, hábito que o menino também apresentava. Os traços faciais, a tendência à
irritabilidade, o hábito de dar conselhos, o conhecimento de pesca e de barcos e
dos lugares piscosos eram semelhantes aos do avô, e, o que é bastante estranho,
o jovem tinha um incomum medo da água. Também era mais sério e sisudo que seus
companheiros”.
“Além
dessas características, o menino mostrava marcante identificação entre a sua
personalidade e a do seu avô, dizia que a tia-avó era sua irmã e tratava os
outros como se fossem filhos ou filhas”.
“Quanto
ao relógio de ouro, um dia sua mãe resolveu examinar as jóias que possuía e
tirou-as juntamente com o relógio, do porta-jóias. Quando o garoto viu o que ela
estava fazendo, agarrou o relógio dizendo que era seu e só com muita dificuldade
a mãe conseguiu que ele o devolvesse”.
“Os
familiares do menino, que foram cuidadosamente inquiridos pelo pesquisador,
afirmaram, categoricamente, que jamais haviam falado sobre o relógio ou
mencionado as palavras de Willian George”.
“O
caso de Willian George Jr mostra as seguintes evidências reencarnacionistas:
recordações iniciando-se na infância, visão, déjá vu (reconhecimento de um lugar
onde nunca se esteve antes), sonhos anunciadores, informações da própria pessoa
antes de morrer, prometendo voltar, defeitos congênitos e marcas de nascença,
aptidões inatas ou sankharâ”.
E
se fossemos relatar outros casos teríamos a certeza de que, realmente, somente o
princípio da reencarnação pode explicá-los. Mas este trabalho de pesquisar sobre
o assunto deixamos a você, caro leitor, busque conhecer o que já se tem a este
respeito, principalmente fora da literatura Espírita, como os estudos dos
pesquisadores já citados no presente estudo, e tire suas próprias conclusões,
sem preconceitos e sem medo de descobrir a verdade.
Objeções à reencarnação
No
desenrolar deste estudo sobre a questão da reencarnação, procuramos, na medida
do possível, colocar-nos numa linha de raciocínio em que, quem pôde dispensar um
pouco de seu tempo para lê-lo, pudesse verificar que ela existe de fato,
entretanto sabemos que algumas pessoas ainda resistirão em aceitá-la de
pronto.
Não
haverá de nossa parte nada por que venhamos a condená-las, pois sabemos que a
verdade nem sempre é aceita pacificamente por nós, haja vista vários exemplos
citados pela História, como o caso de Galileu Galilei, que “teimava” em afirmar
que a Terra não era o centro do Universo, que era ela que se movia em torno do
Sol, e quase o queimaram por isso. No entanto, hoje, como acharíamos ridícula a
afirmativa de que todos os astros celestes giram em torno da Terra, verdade
absoluta daquela época. Assim é que a verdade é bem relativa, está diretamente
relacionada com outros fatores que podem até bloquear o nosso raciocínio.
Somente aceitamos como verdadeiro o que nossa mente consegue captar e
compreender, é como me disse, de certa feita, um amigo: “Cada um tem a verdade
que merece”.
No
nosso caso, a reencarnação, que fatores são estes que poderemos trazer como
sendo impedimentos, por assim dizer, de aceitá-la sem objeções? Pensando sobre
isso, conseguimos identificar pelo menos cinco fatores que, com certeza, não são
todos, e é bem capaz de poderem ser ampliados pela opinião de cada um dos
leitores, mas vamos a eles, então:
1) Fatores culturais
Citamos,
anteriormente, países em que a crença da reencarnação é admitida por seus povos.
No entanto, outros há que, ou não se importam com o assunto ou até mesmo o
combatem. Aqui no Brasil a situação é meio termo. Mas o ponto a que queremos
chegar é: se quem não admite a reencarnação tivesse nascido em um país que a tem
em sua cultura, não é bem certo que essa pessoa, nesta situação, acreditaria sem
maiores problemas? É quase de todo provável que até defenderia esse ponto de
vista, não é mesmo?
2) Princípios religiosos
Este
ponto pode, até em certos casos, ser também uma questão cultural, mas não é
sobre este aspecto que iremos abordá-la. É sobre a própria base religiosa. Aqui,
também, umas religiões a aceitam, outras não, e há até aquelas que a combatem
como se fosse uma heresia.
No
entanto, para termos Deus como sendo um Pai bondoso, justo e misericordioso, o
destino final de todos nós deverá ser o “paraíso” eterno junto a Ele. Coisa que
as religiões não conseguem perceber que, sem o princípio da reencarnação, isso é
impossível. Não admitem Deus nos dando nova oportunidade aqui na Terra, ou até
mesmo em outros mundos, para que possamos evoluir, no duro aprendizado da vida
num corpo físico. Ao invés disso, dizem que Ele nos colocaria num “inferno”,
eternamente, situação bem contrária ao “perdoar setenta vezes sete”. Alegam,
inclusive, que não consta da Bíblia este princípio, mas como Jesus afirmou:
“ouça, quem tem ouvidos de ouvir”, ficará clara para aqueles que estudam os
ensinos do Mestre, não se baseando na fé cega, mas, na fé raciocinada. A estes
também perguntaríamos: e se Deus os tivesse feito nascer numa religião que
aceita a reencarnação, como agiriam? Vejam que nesta situação, como na anterior,
um simples lugar de nascimento poderia mudar por completo nossa crença.
3) Não se lembrarem das vidas anteriores
Como
poderia a reencarnação nos trazer alguma evolução, se não nos lembramos de
nossas vidas anteriores? Seria mais uma boa pergunta. Talvez ainda não tenhamos
parado para pensar seriamente sobre essa situação. Ora, se perguntássemos a cada
um dos leitores: o que estavam fazendo a tal hora de tal dia, a uns 10 anos
atrás, é bem provável que quase ninguém conseguiria se lembrar. Podemos até
lembrar-nos de algum episódio acontecido em nossa vida atual, mas não os
teríamos todos na lembrança. Entretanto, nem por isso poderíamos afirmar que não
tivemos infância, por não nos lembrarmos das coisas que nos aconteceram neste
período de nossas vidas. Também não nos lembramos de tudo o que a nossa
professora do primário nos ensinou para aprendermos a ler e escrever, mas hoje
mesmo, sem lembrar como exatamente ela nos ensinou, sabemo-lo fazer. Do mesmo
modo, as nossas experiências de vidas passadas ficam gravadas em nossa memória
integral, e hoje nós as colocamos para fora em forma de intuição ou mesmo de uma
aptidão para determinada coisa. São os casos, por exemplo, das crianças ditas
“prodígios”, que muitas vezes sabem de algo sem terem, nesta vida atual,
aprendido aquilo de que possuem o conhecimento.
Mas
os acontecimentos podem não ser totalmente insondáveis, pois há casos,
registrados por pesquisadores, sobre os quais já falamos anteriormente, em que
crianças e adultos se lembraram espontaneamente de vidas anteriores. Também por
hipnose pode-se, por assim dizer, ler esses arquivos, inclusive este método é
atualmente utilizado por psicólogos e psiquiatras na busca de soluções dos
problemas emocionais ou mentais de seus pacientes na aplicação da técnica da TVP
– Terapia de Vidas Passadas.
4) Como se explicaria o aumento da população mundial
Numa
certa linha de raciocínio, a dificuldade de compreender que não seria possível a
população do mundo aumentar, se tivermos que reencarnar, nos coloca diante da
questão: de onde viriam os espíritos? Fica realmente impossível de explicar isso
àqueles que ainda acreditam que somente a Terra é um mundo habitado. Aos que
acreditam em outra possibilidade é fácil: os espíritos vêm de outros mundos,
assim como nós, conforme a evolução que formos adquirindo, também migraremos
para outros planetas.
Olhando
o céu, numa noite bem escura e estrelada, chegaremos à conclusão da nossa imensa
pequenez diante do cosmo infinito, não podemos mais achar que somente o nosso
insignificante planeta tenha vidas. Hoje, se os cientistas colocam radares cada
vez mais potentes na tentativa de captar alguma mensagem de outro mundo é porque
essa possibilidade é bem grande, a não ser que os taxemos de “cientistas
loucos”, razão porque dispensam muito tempo e dinheiro nesta tentativa. Se algo
ainda não foi captado não quer necessariamente dizer que não será um
dia.
5) Não há provas científicas
Evidentemente,
quem assim pensa, é porque está totalmente por fora das pesquisas sobre o
assunto. As pesquisas são feitas obedecendo a métodos e critérios rigorosamente
científicos, sendo, portanto, conclusões científicas. Os casos de recordações
espontâneas de vidas passadas catalogados são tão numerosos hoje em dia, que
passam a confirmar essa hipótese.
Como
se afirma no meio científico: “ninguém é capaz de lembrar o que não aprendeu
anteriormente”. As intuições, as aptidões e as lembranças de situações de outras
vidas tornam-se realidades, porque são coisas adquiridas ou acontecimentos de
vidas passadas.
Não
há, pois, como negar o seu valor científico.
O que o codificador diz a respeito?
Na
verdade, este item ficaria melhor antes do anterior. Entretanto, como queremos
fechar este estudo com “chave de ouro”, achamos por bem colocá-lo aqui no final.
Justificamos: porque os argumentos de Allan Kardec, o codificador da Doutrina
Espírita, são irretocáveis, devido às suas inteligentes colocações. Assim sendo,
a partir de agora, tudo o que iremos colocar, neste item, são opiniões de
Kardec, extraídas do “Livro dos Espíritos”, capítulo V do Livro Segundo:
“Os
Espíritos, ensinando a doutrina da pluralidade das existências corporais,
renovam pois, uma doutrina que nasceu nas primeiras idades do mundo e que se
conservou até os nossos dias no pensamento íntimo de muitas pessoas”.
“Apresentam-na
apenas sob um ponto de vista mais racional, mais conforme com as leis
progressivas da Natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador,
despojada dos acessórios da superstição. Uma circunstância digna de nota é que
não foi somente neste livro que eles a ensinaram nos últimos tempos. Antes da
sua publicação numerosas comunicações da mesma natureza foram obtidas, em
diversos países, e depois se multiplicaram consideravelmente. Seria o caso de
examinarmos, aqui, porque todos os Espíritos não parecerem de acordo com esse
ponto; isso faremos mais tarde”.
“Examinemos
o assunto sob um outro ponto de vista, e, abstração feita de toda a intervenção
dos Espíritos, deixemo-los de lado por enquanto; suponhamos que esta teoria não
foi ensinada por eles e mesmo que ela não foi jamais, por eles cogitada.
Coloquemo-nos, momentaneamente, em um terreno neutro, admitindo o mesmo grau de
probabilidade para uma e outra hipótese, a saber: a da pluralidade e da unidade
das existências corpóreas, e vejamos para qual delas nos guiará a razão e o
nosso próprio interesse”.
“Certas
pessoas repelem a idéia da reencarnação por motivos apenas da sua conveniência,
dizendo acharem bastante uma só existência e que não gostariam de recomeçar
outra semelhante; reconhecemos que o simples pensamento de que tenham de
reaparecer sobre a Terra, as faz pularem de furor. Temos só uma coisa a lhes
perguntar: é se pensam que Deus pediu seus conselhos e consultou seu gosto para
regular o Universo. Ora, de duas coisas, uma: ou a reencarnação existe, ou não
existe; se existe, embora os contrarie, será preciso suportá-la sem que Deus
tenha que lhes pedir permissão para isso. Parece-nos ouvir um doente dizer: “Já
sofri demais hoje e não quero mais sofrer amanhã”. Qualquer que seja a sua
irritação, ela não o ajudará a sofrer menos amanhã e nos dias seguintes, até que
esteja curado; portanto, se eles devem tornar a viver corporalmente, eles
viverão, eles se reencarnarão; protestarão inutilmente, como uma criança que não
quer ir à escola ou um condenado que não quer ir para a prisão, pois, é
necessário que passem por ela. Semelhantes objeções são muito pueris para
merecerem um exame mais sério. Diremos, entretanto, para os tranqüilizar, que a
Doutrina Espírita sobre a reencarnação não é tão terrível como imaginam, e se a
tivessem estudado a fundo não ficariam tão assustados. Saberiam que as condições
dessa nova existência depende deles; ela será feliz ou infeliz segundo o que
tiverem feito neste mundo, e podem, a partir desta vida, se elevarem tão alto
que não tremerão mais a queda no lodaçal”.
“Suponhamos
que falamos a pessoas que crêem em um futuro qualquer depois da morte, e não
àqueles que tomam o nada por perspectiva, ou que pretendem afogar sua alma no
todo universal, sem individualidade, como as gotas de chuva no oceano, o que vem
a ser o mesmo. Se pois, credes num futuro qualquer, não admitireis, sem dúvida,
que ele seja o mesmo para todos, pois, de outro modo, onde estaria a utilidade
do bem? Por que se reprimir, não satisfazer todas as suas paixões, todos os seus
desejos, mesmo à custa de outros, uma vez que não teria conseqüência?”.
“Credes
que este futuro será mais ou menos feliz ou infeliz segundo o que fizermos
durante a vida; tendes, pois, o desejo de que seja tão feliz quanto possível uma
vez que deve sê-lo pela eternidade. Teríeis, por acaso, a pretensão de serdes um
dos homens mais perfeitos dos que existiram sobre a Terra e de ter, assim, o
direito de alcançar sem dificuldade a felicidade suprema dos eleitos? Não.
Admitis que há homens que valem mais que vós e que têm direito a uma melhor
situação, sem que com isto estejais entre os condenados. Muito bem! Colocai-vos,
por um instante, pelo pensamento, nessa situação intermediária que seria a
vossa, como o admitis, e supondo que alguém venha dizer-vos: “Sofreis; não sois
tão felizes como poderíeis ser, enquanto tendes diante de vós seres que gozam
uma felicidade perfeita; quereis trocar vossa posição com a deles?” – Sem
dúvida, direis: que é preciso fazer? – “Menos que nada, recomeçar o que haveis
mal feito e procurar fazer melhor. – Hesitaríeis em aceitar mesmo ao preço de
várias existências de provas? Tomemos uma comparação mais prosaica. Se a um
homem, que, sem estar entre os últimos dos miseráveis, sofre privações em
conseqüência da escassez de seus recursos, viessem dizer: “Eis uma imensa
fortuna de que podeis gozar, sendo necessário, para isso, trabalhar arduamente
durante um minuto”. Fosse ele o mais preguiçoso da Terra e diria sem hesitar:
“Trabalharei um minuto, dois minutos, uma hora, um dia se for preciso; que
importa isso se vou terminar minha vida na abundância?” Ora, que é a duração da
vida corpórea em confronto com a eternidade? Menos que um minuto, menos que um
segundo”.
“Raciocinemos
desta maneira: Deus, que é soberanamente bom, não pode impor ao homem o recomeço
de uma série de misérias e de tribulações. Concluiremos, por acaso, que há mais
bondade em condenar o homem a um sofrimento perpétuo por alguns momentos de
erro, antes que lhe dar os meios de reparar suas faltas? “Dois fabricantes
tinham, cada um, um operário que podia aspirar vir a ser sócio do patrão. Ora,
aconteceu que esses dois operários empregaram uma vez muito mal a sua jornada de
trabalho e mereceram ser despedidos. Um dos dois fabricantes despediu seu
operário, malgrado suas súplicas, e ele não tendo encontrado trabalho, morreu na
miséria. O outro disse ao seu: perdeste um dia e me deves outro em compensação.
Executaste mal o teu trabalho e me deves a reparação. Eu te permito recomeçar;
trata de executá-lo bem e eu te conservarei, podendo ainda aspirar sempre à
posição superior que te prometi.” Há necessidade de se perguntar qual dos dois
fabricantes foi mais humano? Será Deus, a própria clemência, mais impiedoso que
um homem? O pensamento de que nosso destino está fixado para sempre em razão de
alguns anos de provas, ainda mesmo quando não tenha dependido de nós alcançarmos
a perfeição sobre a Terra, tem qualquer coisa de doloroso, enquanto que a idéia
contrária é eminentemente consoladora: ela nos deixa a esperança. Assim, sem nos
pronunciarmos pró ou contra a pluralidade das existências, sem admitir uma
hipótese à outra, diremos que, se podemos escolher, não existe ninguém que
prefira um julgamento sem apelação. Um filósofo disse que se Deus não existisse
seria preciso inventá-lo para felicidade do gênero humano; poder-se-ia dizer o
mesmo da pluralidade das existências. Mas, como dissemos, Deus não nos pede
permissão, não consulta nosso gosto; isto é ou não é. Vejamos de que lado estão
as probabilidades e tomemos a questão sob outro ponto de vista, sempre abstração
feita do ensinamento dos Espíritos e unicamente como estudo filosófico”.
“Se
não há reencarnação, não há senão uma existência corporal; isto é evidente. Se
nossa atual existência corporal é a única, a alma de cada homem é criada no seu
nascimento, a menos que se admita a anterioridade da alma, caso em que se
perguntaria o que era a alma antes do seu nascimento e se esse estado não
consistiria, de alguma forma uma existência. Não há meio termo: ou a alma
existia ou não existia antes do corpo; se ela existia antes do corpo, qual era a
sua situação? Tinha, ou não, consciência de si mesma? Se não tinha consciência é
como se não existisse. Se tinha sua individualidade, era ela progressiva ou
estacionária? Num ou noutro caso, em que grau estava ao tomar o corpo?
Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, ou, o
que vem a ser o mesmo, que antes da encarnação ela não tinha senão faculdades
negativas, colocamos as seguintes questões:
- Por que a alma mostra aptidões tão diversas e independentes das idéias adquiridas pela educação?
- De onde vem a aptidão extra-normal, de certas crianças de tenra idade por tal arte ou tal ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres, por toda a vida?
- De onde provêm, para alguns, as idéias inatas ou intuitivas que não existem em outros?
- De onde vêm, para certas crianças, os instintos precoces de vícios ou de virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, que contrastam com o meio em que nasceram?
- Por que certos homens, abstração feita da educação, são uns mais avançados que os outros?
- Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes uma criança hotentote recém-nascida e a educardes nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?”.
“Perguntamos:
qual é a filosofia ou a teosofia capaz de resolver estes problemas? Não resta
dúvida que ou as almas são iguais ao nascerem ou são desiguais. Se são iguais,
por que aptidões tão diversas? Dir-se-ia que isto depende do organismo? É,
então, a doutrina mais monstruosa e mais imoral. O homem não é mais que uma
máquina, joguete da matéria, sem responsabilidade dos seus atos, podendo tudo
repelir em razão de suas imperfeições físicas. Se elas são desiguais é que Deus
as criou assim; mas, então, por que a superioridade inata concedia a algumas?
Esta parcialidade está conforme a sua justiça e o amor igual que ele tem a todas
as suas criaturas?”.
“Admitamos,
ao contrário, uma sucessão de existências anteriores progressivas e tudo estará
explicado. Os homens trazem, ao nascer, a intuição do que aprenderam antes. São
mais ou menos avançados segundo o número de existências que viveram, segundo
estejam mais ou menos distantes do ponto de partida; absolutamente como, numa
reunião de indivíduos de todas as idades, cada um terá um desenvolvimento
proporcional ao número de anos que tenha vivido. As existências sucessivas
serão, para a vida da alma, o que os anos são para a vida do corpo. Reuni, um
dia, mil indivíduos de um a oitenta anos; suponde que um véu caia sobre todos os
dias que precederam e que na vossa ignorância os creiais nascidos no mesmo dia;
perguntareis, naturalmente, por que uns são grandes e outros pequenos, uns
velhos e outros jovens, uns instruídos e outros ainda ignorantes; mas, se a
nuvem que oculta o passado, vem a se dissipar, compreendereis que eles viveram
um tempo mais ou menos longo, e tudo se explicará. Deus, em sua justiça não pode
ter criado almas mais, ou menos, perfeitas; mas, com a pluralidade das
existências, a desigualdade que vemos não contraria a mais rigorosa equidade,
pois apenas vemos o presente, não o passado. Repousa este raciocínio sobre um
sistema ou uma suposição gratuita? Não, partimos de um fato patente,
incontestável: a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento intelectual e
moral, que se encontra inexplicado em todas as teorias correntes; enquanto que a
explicação é simples, natural, lógica, por uma outra teoria. É racional preferir
aquela que não explica nada a esta que explica?”.
“Em
relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça
inferior; então perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem,
por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça
caucásica? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela,
não há várias espécies de homens, há apenas homens cujos espíritos estão mais ou
menos atrasados, mais suscetíveis de progresso; isto não está mais conforme a
justiça de Deus?”.
“Vimos
a alma em seu passado e em seu presente; se a considerarmos quanto ao seu
futuro, encontraremos as mesmas dificuldades:
- Se nossa existência atual, unicamente, deve decidir o nosso destino, qual é, na vida futura, a posição respectiva do selvagem e do homem civilizado? Estão eles no mesmo nível ou distanciados em relação à felicidade eterna?
- O homem que trabalhou toda a sua vida no seu aprimoramento está na mesma posição daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas porque não teve tempo, nem possibilidade de se aperfeiçoar?
- O homem que praticou o mal porque não pode se esclarecer, será culpado de um estado de coisas que não dependeu dele?
- Trabalha-se para esclarecer, moralizar e civilizar os homens. Mas, por um que se esclarece, há milhões que morrem, cada dia, antes que a luz chegue até eles. Qual o destino destes últimos? São tratados como réprobos? No caso contrário, que fizeram para merecerem estar na mesma categoria que os outros?
- Qual o destino das crianças que morreram em tenra idade, antes de poderem fazer o bem ou o mal? Se estão entre os eleitos, por que este favor, sem haverem nada feito para o merecer? Por qual privilégio estão isentas das tribulações da vida?”.
“Existe
uma doutrina que possa resolver todas essas questões?”.
“Admiti
as existências consecutivas e tudo se explicará conforme a justiça de Deus. O
que não se puder fazer numa existência, se fará em outra. É assim que ninguém
escapa à lei do progresso, em que cada um será recompensado segundo o seu
mérito real, e ninguém está excluído da felicidade suprema, a que todos podem
pretender, quaisquer que sejam os obstáculos que tenham encontrado em seu
caminho”.
“Essas
questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, porque os problemas
psicológicos e morais que não encontram solução, senão na pluralidade das
existências, são inumeráveis; limitamo-nos aos mais gerais. Qualquer que ele
seja, dir-se-á que a doutrina da reencarnação não é admitida pela Igreja; isto
seria, pois a subversão da religião”.
“Nosso
objetivo não é tratar esta questão neste momento; é-nos suficiente o termos
demonstrado que ela é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e
racional, não pode ser contrário a uma religião que proclama Deus a bondade e a
razão por excelência. Que teria sido da religião se, contra a opinião universal
e o testemunho da Ciência, ela se obstinasse contra a evidência, e rejeitasse do
seu seio todos os que não acreditassem no movimento do Sol e nos seis dias da
Criação? Que crédito houvera merecido, e que autoridade teria tido, entre povos
esclarecidos, uma religião baseada em erros manifestos dados como artigos de fé?
Quando a evidência se patenteou, a Igreja se colocou a seu lado. Se está provado
que, sem a reencarnação, as coisas que existem são impossíveis, se certos pontos
do dogma não podem ser explicados senão por este meio, é preciso admitir-se e
reconhecer-se que o antagonismo desta doutrina e desses dogmas não é mais que
aparente. Mais tarde mostraremos que a religião está menos distanciada do que se
pensa, desta doutrina, e que não sofreria mais do que já sofreu com a descoberta
do movimento da Terra e dos períodos geológicos que, à primeira vista, pareceram
desmentir os textos sagrados. O princípio da reencarnação ressalta aliás, de
várias passagens das Escrituras e se encontra notavelmente formulado, de maneira
explícita no Evangelho:
“Quando
desciam do monte (após a transfiguração), Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém
conteis do que acabais de ver, até que o Filho do homem seja ressuscitado de
entre os mortos. Os seus discípulos então o interrogaram dizendo: Por que pois,
dizem os escribas que é preciso que Elias venha primeiro? Mas Jesus, lhes
respondeu: “Em verdade Elias virá primeiro, e restabelecerá todas as coisas. Mas
declaro-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe sofrer tudo o
que quiseram. Assim farão eles também morrer o Filho do homem. Então entenderam
os discípulos que lhes falara de João Batista”. (São Mateus, cap. XVII).
“Uma
vez que João Batista era Elias, há, pois, uma reencarnação do Espírito ou da
alma de Elias no corpo de João Batista”.
“Qualquer
que seja, de resto, a opinião que se tenha sobre a reencarnação, que se aceite
ou não, se existe deve ser suportada, não obstante toda a crença em contrário. O
ponto essencial é que o ensinamento dos Espíritos é eminentemente cristão:
apoia-se na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, na justiça de
Deus, no livre arbítrio do homem, na moral do Cristo, não sendo, portanto,
anti-religioso”.
“Raciocinamos,
como o dissemos, abstração feita de todo ensinamento espírita – que para certas
pessoas não tem autoridade – que, se nós, e tantos outros, adotamos a opinião da
pluralidade das existências, não é só porque ela nos veio dos Espíritos, mas
porque nos pareceu a mais lógica e a única que resolveu essas questões, até
então insolúveis”.
“Viesse
ela de um simples mortal e a teríamos adotado da mesma forma e não hesitaríamos
mais tempo em renunciar às nossas próprias idéias. Do momento que um erro está
demonstrado, o amor próprio tem mais a perder, que a ganhar, se se obstina em
uma idéia falsa. Do mesmo modo nós a teríamos repelido, embora vinda dos
Espíritos, se nos parecesse contrária à razão, como repelimos tantas outras,
porque sabemos por experiência que não é preciso aceitar cegamente tudo o que
vem deles, como aquilo que vem da parte dos homens. Seu primeiro título, para
nós, antes de tudo, é de ser lógico, mas existe outro que é de ser confirmado
pelos fatos: fatos positivos, e, por assim dizer, materiais, que um estudo
atento e racional pode revelar a qualquer um que se dê ao trabalho de observar
com paciência e perseverança, na presença daqueles que não permitem mais a
dúvida. Quando esses fatos se popularizarem como os da formação e do movimento
da Terra, será necessário reconhecer a evidência, e os seus opositores terão
gasto em vão os argumentos contrários. Reconheçamos, pois, em resumo, que a
doutrina da pluralidade das existências é a única que explica isto que, sem ela,
é inexplicável; que ela é eminentemente consoladora, conforme a mais rigorosa
justiça e é, para o homem, a âncora de salvação dada por Deus em sua
misericórdia”.
Conclusão
Procuramos
desenvolver esse estudo de maneira que o princípio da reencarnação pudesse ser
visto de um ponto de vista mais abrangente. Várias são as correntes contrárias a
ela, mas apesar disso, achamos que essa visão global que procuramos dar dela
possa ajudar aos que não se tornaram cegos pela fé, mostrando-lhes que ela é
realmente uma realidade.
Tivemos
a preocupação de juntar vários fatores, que pudessem levar à compreensão de que
a reencarnação é a misericórdia Divina se manifestando, de modo que os que ainda
não tivessem essa crença pudessem aceitá-la pelo conjunto dos argumentos. Não
queríamos ficar apenas com o que consta dos Evangelhos. Se ficássemos só com
eles atingiríamos somente aqueles que acreditam serem eles a palavra de Deus,
mas aí cairíamos na mesma armadilha do fanatismo religioso, levando as pessoas a
pensarem que também nós estaríamos distorcendo-os, procurando dar uma
interpretação que viesse a justificar o nosso pensamento. Além de que não temos,
como eles, a visão de que tudo que ali se encontra é inquestionável. Somente o
seria, se tivesse sido escrito pelo próprio Deus, mas como não é, podemos e
devemos questionar. E assim, buscamos levantar outros fatores, que não só os
Evangelhos, para que qualquer um que possua raciocínio lógico e bom senso forme
uma opinião racional, satisfatória e convincente a respeito desse
assunto.
Jan/95
Revisão
em Setembro/2001.
Bibliografia:
- Reencarnação Baseada em Fatos, Karl E. Muller, EDICEL, 4ª Edição.
- A Reencarnação, Gabriel Delanne, FEB, 6ª Edição.
- Jornal o “Estado de Minas”, BH 19.07.94.
- Folheto Informativo “Construir e Esperança” n. º 7, da Igreja Católica, Agosto/91.
- Reencarnação e Imortalidade, Hermínio C. de Miranda, FEB, 2ª Edição.
- Reencarnação em Foco, Alberto de Souza Rocha, Casa Editora o Clarim, 1ª Edição.
- Reflexões sobre a Vida depois da Vida, Dr. Raymund A. Moody Jr., Nórdica, 1987.
- Vida Pretérita e Futura, Dr. H. N. Banerjee, Nórdica, 2ª Edição.
- Revista Planeta Especial – Reencarnação, Editora Três.
- Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, 1984.
- Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, 68ª Edição.
- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Instituto de Difusão Espírita, 37ª Edição.
- Psiquiatria em Face da Reencarnação, Dr. Inácio Ferreira, FEESP, 3ª Edição.
- A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, José Reis Chaves, Ed. Martin Claret, 6ª edição, 2001
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